quinta-feira, 24 de abril de 2025

Francisco: O Papa amigo.

 

                            Francisco: O Papa amigo

    A Igreja do século XVI já não era a mesma da Idade Média. O catolicismo passou a dividir espaço com outras religiões, e, na Europa, crescia o número de pessoas indiferentes à religião e ao transcendental. O Papa passou a falar ao mundo — de modo especial aos católicos — que, cabe ressaltar, não o escutam de maneira unânime. É diante dessa realidade que, em 2013, o mundo conhece o novo Papa da Igreja Católica: latino-americano, argentino. Em sua primeira fala, ele brinca: “Parece que os cardeais foram buscar o novo pontífice no fim do mundo.” Quanto ao nome, escolhe “Francisco”.
    É interessante escrever sobre o Papa Francisco. Tenho a leve impressão de que o conheço, como um amigo que, tantas vezes, trouxe a muitos o sonho de uma nova esperança. A morte de Francisco é um tempo oportuno para revisitar suas contribuições a esta sociedade tão carente de amor, paz, tolerância e fé. As palavras carregam um peso simbólico, e o nome, por sua vez, traz uma identidade. Cada escolha não é despretensiosa.
    São Francisco de Assis, santo da Igreja Católica do século XIII, teve sua experiência com Cristo iniciada no encontro com um leproso. O beijo que Francisco deu naquele homem chagado mexeu profundamente com suas concepções. Ele, que sentia repulsa, viu-se agora beijando um leproso. Sua vida então tomou outro rumo: o Poverello de Assis assumiu a tarefa de viver um novo modelo de Igreja, mais próximo daquele proposto por Cristo.
    No dia 13 de março de 2013, o cardeal Bergoglio foi eleito Papa. Ao nomear-se “Francisco”, fez referência explícita ao exemplo que guiaria seu pontificado. Como portar-se diante dos escândalos financeiros, da pedofilia, do carreirismo e de tantas outras chagas que ferem a Igreja? O Papa posicionou-se com firmeza na busca da justiça. Reforçava que, na Igreja, não existem “promoções”. Entender a vida cristã dessa maneira é um erro crasso, que afeta as comunidades e promove disputas por poder.
    O Papa Francisco, para além de sua notável capacidade de diálogo, possuía uma sensibilidade única. Destaco a maneira como nos convida a olhar para as outras religiões: não como inimigas, mas como caminhos distintos para se chegar a Deus. Gosto dessa ponderação. É como escrevia o grande teólogo Karl Rahner: são os “cristãos anônimos”. Existem sementes do Verbo, como recordava o Concílio Vaticano II a partir das concepções de Justino Mártir.
    Em sua sabedoria, Francisco foi o Papa dos novos tempos. Deu atenção às causas urgentes, convidou o mundo a refletir sobre a imigração, as guerras, os embargos econômicos. Questionou aquilo que definiu como “a globalização da indiferença”. Apresentou um novo caminho para a educação por meio de um Pacto Educativo Global, centrando o processo na dignidade da pessoa humana e formando homens para o diálogo — atitude tão necessária nestes tempos.

    Na Evangelii Gaudium, Francisco propôs uma renovação pastoral na Igreja, para que estivesse “em saída”, ancorada na alegria do encontro com Cristo. Reforçou a opção preferencial pelos pobres e não teve medo de afirmar que o modelo econômico vigente mata, pois promove a exclusão e a desigualdade social. Sua máxima era a humanização, frente à desumanização e à valorização da cultura do descarte. 
    Na Laudato Si (“Louvado Sejas”) e Fratelli Tutti (“Todos Irmãos”), Francisco honrou o Pobrezinho de Assis, trazendo à humanidade a urgência do cuidado com a casa comum. Assim, retomou um conceito já presente em São Francisco: a ecologia integral — a compreensão de que “tudo está interligado”, reconhecendo que não se pode defender o meio ambiente sem cuidar do ser humano, especialmente dos pobres.
    O Papa Francisco sempre teve a sutileza de reforçar que todos nós participamos de uma fraternidade universal: irmãos e irmãs, com o dom da diferença. Dialogou com todos, acolheu sempre. As chamadas “minorias abraâmicas”, já descritas por Dom Hélder Câmara, tiveram espaço durante seu pontificado. Enquanto muitos cristãos segregam as pessoas LGBTQIAPN+, o Papa perguntava: “Quem sou eu para julgar?” Nosso querido Francisco é tão humano que, sem medo de errar, digo: há algo de divino nisso.
O mundo está um pouco mais triste, porque nos deixa um Papa humano, amigo, corajoso. Este é Francisco.
 

Por Marcos Moisés da Silva Duca
Graduado em História pela Universidade de Pernambuco Campus Garanhuns. Foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UPE), com atuação voltada à formação docente e ao ensino de História. É sócio efetivo do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns. Desenvolve pesquisas nas áreas de História das Religiões e Teologia, com ênfase nas relações entre religiosidade, cultura e poder.                                               


segunda-feira, 14 de abril de 2025

DIRETORIA DO IHGCG VISITA D. AGNALDO TEMÓTEO, BISPO DE GARANHUNS

 

BISPO DE  GARANHUNS RECEBE DIRETORIA DO  INSTITUTO HISTÓRICO

    Recentemente, o Senhor Bispo de Garanhuns, Dom Agnaldo Temóteo da Silveira, que iniciou seu episcopado na centenária Diocese de Garanhunhs em agosto de 2024, recebeu na Cúria Diocesana, a Diretoria do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns- IHGCG.

    Na ocasião, o Presidente da entidade, Audálio Ramos Machado Filho; a Vice-presidente, Ivonete Batista Xavier, e o Diretor Administrativo, Maxwell da Silva Bento, apresentaram ao Bispo católico às boas vindas da instituição que representa a preservação da memória da "Terra de Simoa Gomes", guardiã do patrimônio histórico e geográfico.

    Oportunamente os representantes do IHGCG presentearam D. Agnaldo com um exemplar do livro "História de Garanhuns", de Alfredo Leite Cavalcante; bem como das publicações do Instituto: "Pingos de Garanhuns", de Arlinda da Mota Valença; e da Revista Ruber - nº 01. Falaram das atividades do Instituto Histórico e Geográfico, da sua parceria com instituições como a própria Diocese de Garanhuns, e dos projetos e iniciativas vindouras.

    O Presidente do IHGCG comunicou a D. Agnaldo que existe solicitação ao Governo do Estado para que se configurem ações como publicações de livros e a inserção de Garanhuns na área de preservação da cultura material e imaterial.

    A vice-presidente Ivonete Xavier convidou o Bispo de Garanhuns para participar de uma das reuniões do IHGCG, e proferir palestra, em data a ser agendada com ele. Maxwell Bento concluiu falando sobre o símbolos do Município, e da pesquisa que o Instituto tem feito para definir melhor a origem do nome de Garanhuns.

       D

D. AGNALDO, BISPO DE GARANHUNS E A DIRETORIA DO IHGCG

sexta-feira, 4 de abril de 2025

RIHPE - REDE DE INSTITUTOS HISTÓRICOS MUNICIPAIS - UM MARCO NA CULTURA DE PERNAMBUCO

 RIHPE SE EXPANDE POR TODO PERNAMBUCO

           A  Rede de Institutos Históricos de Pernambuco - RIHPE é uma entidade federativa que representa os mais de trinta institutos históricos municipais em nosso Estado, além de vários em processo de fundação. Atualmente tem a frente da sua diretoria Harlan Gadelha Filho; Flávio Torres. Cláudia Pinto e Anne Alves de Lima. Visando congregar e incentivar às atividades dos institutos, promove a cada dois anos um Congresso Estadual, esse ano será na cidade de Goiana, de 29 a 31 de agosto.

REUNIÃO EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

 
Representantes de institutos municipais em frente ao IHVSA

      Em 2024 a RIHPE realizou importante encontro em Vitória de Santo Antão, nas dependências do IHVSA o segundo mais antigo em Pernambuco. Na ocasião definiram-se importantes pautas atinentes aos objetivos dos institutos históricos e geográficos do nosso Estado. Garanhuns foi representada pelo seu IHGCG, que aos treze anos de fundação já se destaca na luta pela preservação do patrimônio cultural material e imaterial na "Terra de Simoa Gomes".

Sala Plenária do IHVSA



REUNIÃO COM A SECRETARIA DE CULTURA DE PERNAMBUCO

                    O encontro realizado entre a RIHPE e a Secretaria de Cultura do Estado - Secult, selou a parceria institutcional que pretende a partir da escuta das demandas dos institutos municipais, promover as ações desenvolvidas e fortalecer os laços entre as entidades do setor cultural da história com o Governo de Pernambuco. . A secretária executiva Ana Paula Jardim, representou a secretária de Cultura Cacau de Paula; a RIHPE além do presidente Harlan Gadelha, teve a presença de vários integrantes e representantes de institutos municipais.

                        Entre os temas debatidos destacaram-se:
 1.Será realizada uma consulta sobre a situação atual dos imóveis ociosos do Estado para         cessão de uso com fins culturais (com contra-partidas) que possam ser sede própria dos          Institutos Históricos. (atualmente dos 27 IHs apenas 07 possuem sede);
 2.Foi entregue um dossiê pelo presidente do IH Jaboatão, Eugênio Lincoln, sobre o                 processo da situação da sede do IHJ;
 3.Durante a reunião a lista de contatos dos IHs foi entregue para que os mesmos sejam       consultados, participem das visitas técnicas ao patrimônio histórico-cultural e demais            atividades que envolvam parcerias sobre políticas públicas nos respectivos municípios.         (com a Secult-PE e/ou Fundarpe);
 4.Em relação ao ICMS Cultural será aprofundado o conhecimento da Lei Robin Hood             (Lei 18.030 de 12/01/2009-Minas Gerais) para o aperfeiçoamento da proposta de lei             em andamento para o estado de Pernambuco.
 5.Foi comunicado aos presentes sobre os editais da PNAB que serão publicados e que             contemplam vários interesses dos IHs.

Reunião RIHPE / Secult-PE um marco institucional


PROJETO VIVA PERNAMBUCO - CULTURA E MEMÓRIA

        Em encontro realizado em Recife, no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco - IAHGP, em fevereiro último; os institutos municipais vinculados à RIHPE - Rede de Institutos Históricos em Pernambuco, ultimaram detalhes da realização a partir desse mês de abril do Projeto Viva Pernambuco - Cultura e Memória, que consiste em exposições temáticas em nove cidades. Iniciará por Goiana. Em Garanhuns acontecerá em junho próximo, com o tema "Luís Jardim, o mestre do traço e da prosa"; informou a vice-presidente do IHGCG, escritora Ivonete Xavier.

        O projeto é fruto de emenda da senadora Teresa Leitão através do IPHAM/MinC; tendo o Instituto Histórico e Arqueológico de Goiana-IAHGO como proponente.

Reunião RIHPE no IAHGP - Recife