sexta-feira, 27 de maio de 2016

INSTITUTO HISTÓRICO DE GARANHUNS REALIZA TERCEIRO ENCONTRO: "GARANHUNS ATRAVÉS DOS TEMPOS"


GARANHUNS ATRAVÉS DOS TEMPO: Pesquisa e Reflexão sobre a História Municipal.

Coordenação: Ígor Cardoso que é  membro do Centro de Estudos de História Municipal (CEHM) do Governo de Pernambuco  e do Instituto Histórico,  Geográfico  e Cultural de Garanhuns (IHGCG).

Realização: Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns (IHGCG).

PROPOSTA:

Pesquisador e Escritor
Ígor Cardoso.
O grupo, voltado para estudantes, pesquisadores e demais interessados, propõe-se a revisitar a História de Garanhuns a partir da realização prévia de leituras e de sua posterior reflexão e discussão, tudo orientado com base em uma abordagem crítica e dinâmica. Pretende-se, assim, estimular a pesquisa e o pensar-se a cidade do presente e do futuro a partir de uma compreensão abrangente do passado.

O programa compreenderá nove encontros, que ocorrerão, em regra, no último sábado de cada mês, a partir das 15h, no casarão-sede do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns (IHGCG), localizado na Praça Dom Moura, n. 44, Centro (defronte ao Centro Cultural). Ao final, será concedido aos participantes regularmente inscritos e assíduos um certificado com a respectiva carga horária.


PROGRAMA DOS ENCONTROS:

1 - 26/03 – De antes de Simôa: A presença humana nos Campos dos Garanhuns (até 1694)

2 - 30/04 – Nos tempos do Ararobá: Simoa Gomes e os primórdios da povoação (1694-1762)

3 - 28/05 – Sobre vilas e cidades: A presença do Estado na região (1762-1879)

4 - 25/06 – Nos tempos do Barão: O trem alcança a “Terra do Clima Maravilhoso” (1879-1889)

5 -  30/07 – A Hecatombe de Dezessete: Anatomia de uma tragédia (1889-1918)

6 -  27/08 – Católicos X Protestantes: Da “corrida” institucional e de seus reflexos (1889-1918)

7 - 24/09  – Nos tempos do Café: A “urbs” “leader” do “hinterland” pernambucano (1918-1957)

8 - 29/10  – O crime que abalou o mundo: O assassinato de Dom Expedito (1957)

9 - 26/11  – Do reencontro com a vocação: Pensando a “Cidade das Flores” (1957-2016)

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

- A Terra dos Garanhuns – João de Deus de Oliveira Dias
- História de Garanhuns – Alfredo Leite Cavalcanti
- Os Aldeões de Garanhuns – Alberto da Silva Rêgo
- Garanhuns do Meu Tempo – Alfredo Vieira
- Anatomia de uma Tragédia: A Hecatombe de Garanhuns – Mário Márcio de Almeida Santos
- A Bala e a Mitra – Ana Maria César

segunda-feira, 23 de maio de 2016

CENTENÁRIO DA HECATOMBE DE GARANHUNS: EX-PREFEITOS ASSASSINADOS SÃO RELEMBRADOS


Do  Blog do Ronaldo Cesar

A Comissão do Memorial do Centenário da Hecatombe de Garanhuns e a Prefeitura Municipal de Garanhuns realizam, na próxima terça-feira (24), às 09h, na antessala do Gabinete do prefeito Izaías Régis, no prédio do Palácio Celso Galvão, a cerimônia de apresentação da biografia dos ex-prefeitos Manoel Antônio de Azevedo Jardim, Francisco Veloso da Silveira, Argemiro Tavares de Miranda e Júlio Eutímio da Silva Brasileiro, mortos na tragédia lembrada como a "Hecatombe de Garanhuns".

Comissão Memorial da Hecatombe de Garanhuns.

Na ocasião, os quadros oficiais dos ex-prefeitos, com a foto individual de cada um deles, serão colocados na galeria de retratos dos ex-prefeitos. O momento vai contar com as presenças de autoridades locais, familiares das vítimas, além de membros do governo municipal.

HISTÓRIA

A Hecatombe ficou marcada na história do município de Garanhuns pela série de assassinatos de comerciantes e políticos, em decorrência, de acordo com historiadores, do resultado da eleição de 07 de janeiro de 1917. Entre os dias 14 e 15 daquele mês, foi quando tudo aconteceu. Sales Vilanova, opositor político, após levar um surra em Garanhuns, matou o então prefeito eleito, Júlio Brasileiro, em Recife, capital do Estado.

Este fato ensejou uma série de vinganças, que culminou com múltiplos assassinatos dentro da cadeia pública, onde personalidades do município buscaram a segurança da polícia, pois era público que jagunços vinham para Garanhuns para matar os opositores de Júlio Brasileiro. Os documentos mostram que mais de 15 pessoas foram mortas no período.

Personagens de uma história trágica, que deve ser lembrada, mas não enaltecida, pois marcou a sociedade local, profundamente, com repercussão sócio-política-econômica ao longo das décadas seguintes.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

HÁ 101 ANOS NASCIA AMILCAR DA MOTA VALENÇA



Texto: Prof. José Henrique de Barros “Zeca Barros”.

QUEM FOI AMILCAR DA MOTA VALENÇA?

A nossa homenagem a uma das personalidades mais importante da história política de Garanhuns e de Pernambuco.

O Sr. Amilcar da Mota Valença, Ex-prefeito de Garanhuns.

Vale a pena reviver o passado, principalmente quando fatos relevantes são motivos de júbilo não só para um grande número de parentes e amigos como para gáudio de toda a população de uma cidade!

Em meado do mês de maio de 1915, o casal Abílio Camilo Valença e Emília da Mota Valença se regozijava com o nascimento de mais um membro da família, um garanhuense da gema, que viria a se tornar um dos mais importantes homens públicos de Garanhuns!

Na antiga casa nº 34 da Praça João Pessoa, onde atualmente está localizado um moderníssimo e ousado empreendimento comercial de propriedade do empresário Mauro de Souza Lima, na parede do hall de entrada do Empresarial Mauro Lima está colocada uma Placa informativa, por gentileza de seu proprietário, onde se lê que, no dia 19 de maio de 1915, nascia o renomado cidadão Amílcar da Mota Valença!

Amílcar, desde cedo, participou da luta heroica de seus pais que, para educar satisfatoriamente seus filhos, se impunham enormes sacrifícios para assegurarem um futuro digno para os mesmos, matriculando-os nos melhores educandários locais.

De caráter altivo e indômito desde a infância, Amílcar começou seus estudos no Ginásio de Garanhuns, transferindo-se depois para o Colégio Salesiano do Recife, onde, em regime de internato, continuou o curso secundário, quando aprendeu música e tipografia. Sendo muito apegado aos seus familiares e tendo de se apresentar ao Exército para prestar serviço militar, regressou a Garanhuns para servir ao Tiro de Guerra e, também para dar continuidade aos seus estudos no Ginásio de Garanhuns.

Amílcar aprendeu com o seu pai, então agricultor e pecuarista no distrito de São Pedro, a lidar com os árduos serviços da fazenda, auxiliando-o na labuta cotidiana que era imprescindível para manter condignamente a família.

Sem ter deixado de lado a profissão de agricultor e pecuarista, Amílcar foi, concomitantemente, transportador, comerciante e industrial, ao se estabelecer, no distrito de São Pedro com o ramo de padaria, mercearia e tecidos. Posteriormente, implantou uma bem montada fábrica de queijos e manteiga. Proprietário de um caminhão, ele mesmo dirigia o seu veículo, transportando as mercadorias adquiridas para o seu estabelecimento comercial, os produtos de suas atividades industriais, inclusive de uma pedreira que ele explorava, ou mesmo como motorista profissional, no transporte de mercadorias de terceiros.

Dispondo de um bravo espírito de liderança desenvolvido no contato frequente com a gente simples, ordeira e fiel de sua comunidade foi instado, por seus amigos e correligionários, a se candidatar e disputar os votos que o elegeriam vereador de Garanhuns, resultando ter sido eleito em 1947 e reeleito nos anos de 1951 e 1955, em três pleitos consecutivos, pelo sufrágio de boa parte dos eleitores da cidade e de uma maioria esmagadora de votos conseguida em seu amado distrito de São Pedro.

Não concorreu ao pleito seguinte realizado em 1959, por entender que a vez pertencia, por merecimento, ao seu amigo Hermínio Sampaio, para quem reivindicou apoio pleno do seu eleitorado.

Em 1963, após um memorável e renhido pleito eleitoral, Amílcar logrou uma importante e consagradora vitória, a de ser eleito prefeito de sua terra natal, o Município de Garanhuns. Considerando a sua vocação política somada a um expressivo tino administrativo adquirido no desempenho de inúmeras atividades desenvolvidas nos campos da agricultura, da pecuária, do comércio, da indústria e do transporte de cargas, as quais conferiram a Amílcar plenas condições para atuar na gestão da administração pública municipal com a maior desenvoltura.

Buscando ampliar os seus conhecimentos, antes de assumir o governo municipal, Amílcar realizou proveitosa viagem de observação em cidades como Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Goiânia, Anápolis e Uberaba.

Quando no exercício do governo, foi contemplado com uma Bolsa de Estudos Administrativos para realizar estágio em várias cidades dos Estados Unidos, tendo recebido diversos Certificados de Aproveitamento expedidos pela Agência Internacional para o Desenvolvimento, além de ser merecedor dos Títulos de Cidadão Honorário das cidades de Miami, Estado da Flórida; de Sioux, Estado de Sioux; e de Galveston, Estado do Texas.

Em 1969, apoiou e elegeu o seu sucessor, o Dr. Luis Souto Dourado.

Em 1973, foi novamente eleito Prefeito de Garanhuns. Mesmo levando-se em consideração o nível de experiência adquirido, Amílcar não titubeou e aceitou convite do Governo da República Federal da Alemanha para realizar estágios em diversas cidades daquele país sobre Tarefas do Desenvolvimento da Administração. Devido ao bom desempenho apresentado durante os estágios recebeu os respectivos Certificados de Aproveitamento.

Como prefeito de Garanhuns, Amílcar realizou administrações impecáveis, que vêm, continuadamente, servindo de paradigma para os administradores municipais que o sucederam. Realizou obras estruturadoras de grande vulto que bem demonstraram sua capacidade de um competente administrador entremeada com a de um grande estadista.

No âmbito da Educação, criou o Colégio Municipal Padre Agobar da Mota Valença que chegou, em determinada época, a atingir a invejável marca de 3.000 alunos matriculados, e a FAGA – Faculdade de Administração de Garanhuns, primeiro passo que foi dado para atender às necessidades de implantação do ensino de terceiro grau em Garanhuns.

No âmbito do Abastecimento, criou o Mercado Municipal 18 de Agosto, o Mercado da Carne, o Mercado de Farinha e a CEAGA – Central de Abastecimento de Garanhuns, medidas iniciais básicas para a implantação de um sistema adequado de abastecimento não só para a cidade de Garanhuns como para o Agreste Meridional.

Graças ao seu prestígio junto aos Governos Federal e Estadual, conseguiu para o Município de Garanhuns a implantação de várias obras de grande repercussão até os dias presentes, a exemplo de: A implantação do Batalhão Duarte Coelho, do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado; a implantação de um Terminal Rodoviário de grande porte, em terreno que pertencia ao Sport Clube de Garanhuns, adjacente ao Parque Euclides Dourado; implantação da Vila José Bernardino Teixeira (Vila do Quartel); implantação da Vila Popular da COHAB I; implantação do Núcleo de Supervisão Pedagógica de Garanhuns (atual GERE); e a implantação da sede da CIRETRAN.

Amílcar recebeu inúmeras homenagens do Exército Brasileiro, sendo condecorado, entre outras, com a Medalha do Pacificador, outorgada por ordem do Ministro do Exército e a Medalha do Exército, concedida pelo Presidente da República Federativa do Brasil.

No seu segundo governo municipal, estando à venda e com possibilidade de ser negociado para fora do Estado, Amílcar adquiriu à Diocese de Garanhuns o Parque Gráfico e a marca do Jornal “O Monitor”. O seu antigo cargo de aprendiz de tipógrafo falou mais alto e ele não permitiu que a cidade perdesse tão importante periódico.

Como Sócio Honorário da Academia de Letras de Garanhuns, ele doou, a esta instituição cultural, as suas coleções completas de “O Monitor” e do “Jornal de Garanhuns”, este dirigido e editado por Mauro de Souza Lima.

Considere-se, ainda, o fato de que Amílcar, comprovando sua eficiência administrativa, por duas vezes foi designado pelo Ministro da Previdência Social para ocupar o cargo de Agente do INPS, em Garanhuns.

Ao testemunharmos Amílcar completar as suas noventa e sete primaveras, cabe-nos por obrigação moral e cívica, além de dar os mais efusivos parabéns a este cidadão, que ainda mantém uma lucidez invejável, demonstrar o nosso reconhecimento por tudo que ele fez em favor de nosso Município e, principalmente, por seu legado de administrador probo e competente, que serve e servirá, inquestionavelmente, de um exemplar paradigma para a atual e para as futuras gerações.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

ESCRITOR LUÍS JARDIM

Luís Inácio de Miranda Jardim nasceu na cidade de Garanhuns-PE, em 8 de dezembro de 1901.

Filho do Professor Manuel Antônio de Azevedo Jardim e D. Angélica Aurora de Miranda Jardim.

Cursou escola primária particular, até os onze anos de idade, e nela fez apenas o primeiro grau. Doenças e outras ocorrências lhe interromperam para sempre o aprendizado normal.

Em 1918 mudou-se para o Recife. Aí se emprega no comércio. Lê os livros que lhe caem às mãos.

Desenhista por vocação, embora raramente desenhasse, era caixeiro que vivia em rodas de intelectuais e artistas.

Admirando escritores e jornalistas, torna-se amigo de Osório Borba e Joaquim Cardoso, o poeta bissexto, e ambos tiveram grande influência nos pendores artísticos e literários de Luís Jardim.

Mais tarde, em 1928, quando conheceu o escritor Gilberto Freyre, então diretor de "A Província", escreveu a pedido deste o seu primeiro artigo, tentativa de apreciação de pintura, publicado nesse jornal. Antes havia escrito uma pequena nota, assinada, para o periódico que ajudou a fundar em companhia de manuel Lubambo - Frei caneca - jornalzinho que se dizia separatista e distributista.

Em 1936 é convidado pela Sociedade Felippe d'Oliveira a vir fazer uma exposição de aquarelas no Rio de Janeiro, onde passou a residir. Em 1937 lhe são conferidos o primeiro e o segundo prêmios no Concurso de Literatura Infantil do Ministério da Educação, respectivamente pelo "O Boi Aruá"(edição de Alba Editora em 1940) e "O Tatu e o Macaco", livro de estampas também publicado em 1940 pelo mesmo Ministério. Este livro foi depois traduzido para o inglês (The Armadillo and the Monkey) e publicado em primeira edição(1942), pela Editora Coward-MCann, de Nova Iorque, e em segunda por E.M. Hale, Wisconsin (Cadmus Books).

Confere-se, em 1938, o Prêmio Humberto de Campos, instituído por esta editora, ao seu livro de contos Maria Perigosa.

Luís Jardim estréia no romance - As confissões do meu tio Gonzaga em 1949. Traduziu a peça teatral A morte do caixeiro-viajante, de Arthur Miller, que foi representado pela Companhia Jaime Costa. Em 1958 a Academia Brasileira confere à sua peça "Isabel do Sertão" o prêmio Claúdio de Souza (para o teatro) e a "Proezas do Menino Jesus", em 1968, o prêmio Monteiro Lobato (para literatura infantil), em 1971 lança Aventuras do Menino Chico de Assis (inspirado na vida de São Francisco de Assis) em convênio com o INL-MEC. Em 1978 escreve nova obra de literatura infanto-juvenil em 2 volumes intitulados "Façanhas do Cavalo Voador" e "Outras façanhas do cavalo Voador" (Lendas de Mitologia greco-romana). Colaborou na imprensa do Rio de Janeiro e  dos Estados e trabalhou como redator em mais de um jornal do Rio de janeiro. Luís Jardim foi redator do Instituto do Açucar e do Álcool.

Faleceu em 1º de Janeiro de 1987, dormindo em casa e deixou um obra que nunca que nunca será esquecida.
Fonte: Blog do Anchieta Gueiros.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

A LIDERANÇA POLÍTICA DE ANTÔNIO SOUTO FILHO (SOUTINHO)


Foto: Antônio Souto Filho, D. Chiquita com
os filhos, Souto Neto, Esther e Gerusa (no colo)
e a professora Celeste Dutra na casa da Praça
Dom Moura, 44.
Por Gerusa Souto Malheiros

O político e o alto funcionário do estado, se projetaram no mapa de Garanhuns, da qual ele foi um apaixonado.

Garanhuns, representou sempre para meu pai, o seu caminho, o seu espaço e a sua porta de ligação com o Brasil. Estava sempre de volta às suas queridas plagas, mas, mesmo de longe, conservava um “pied à terre” em Garanhuns.

Era fascinado pela natureza e pelo clima da sua terra.

A beira do seu túmulo, por ocasião dos seus funerais, um dos oradores, intérprete do povo de Garanhuns foi o jornalista Hibernon Wanderley, que naquele momento de consternação, evocou as serras e os montes de Garanhuns, encobertas pela garôa, uma maneira da natureza sentir a perda do mais ilustre e destacado homem público da sua cidade.

Inegavelmente, meu pai foi um representante de ação legislativa parlamentar de grande realce pelos seus projetos nas casas do Congresso. Nele existia um equilíbrio de seriedade e austeridade sobre a coisa pública.

O saudoso Alfredo Vieira, falecido há poucos anos, em seu livro “Garanhuns do meu tempo”, retrata com muito acerto, a vida pública do meu pai, cujo título é “Liderança Política”.

Antônio Souto Filho.
“Um  dos mais eminentes líderes políticos, que conheci ainda ao tempo, da chamada República Velha, foi o Deputado souto Filho, ou melhor Antônio da Silva Souto Filho; Curador de Órfãos da Comarca da Capital, Senador Estadual e Líder do Governo, no período anterior a Revolução de 1930; Deputado Estadual e Federal em várias legislaturas e representante à Assembleia  Constituinte  de 1933, nas eleições que seguiram após a Revolução.

Recebendo expressiva votação não só no Município de Garanhuns, mas, em várias cidades do Estado de Pernambuco, foi o único representante da oposição eleito e lhe foi assegurada a sua volta ao cenário político nacional.

O fato, constituía, sem dúvida alguma, a afirmação do seu prestígio, pois Souto Filho, era uma das figuras mais em evidência, do “tempo das oligarquias” como eram chamados todos os que militavam na política da antiga República Velha. A República Nova, que se iniciava com a vitória do movimento Revolucionário de 1930 e os integrantes da “Aliança Liberal” que defendiam os postulados de uma ação Renovadora da Política Nacional em todos os sentidos, traziam como um dos pontos fundamentais do seu programa, a Reforma Eleitoral com o “voto secreto” , arma que, decerto, daria ao eleitor a liberdade absoluta para escolher livremente os seus candidatos.

Souto Filho voltava ao cenário político com votação secreta, numa eleição  que os entendidos na época, declaravam ter sido a mais livre de todos os tempos, realizada em Pernambuco.

Souto Filho era ligado ao meu pai, por uma amizade vinda dos tempos da Faculdade de Direito e cimentada na política de Dantas Barreto. Começando na condição de Oficial de Gabinete do Governador Dantas Barreto, cargo de natureza política por excelência (naqueles tempos), o “dantismo” mandava para a Câmara dos Deputados do Estado, vinte e sete Deputados, entre eles, Souto Filho ( nota lembrada por Costa Porto, no seu livro “Os tempos de Dantas Barreto, página 83, comentando fatos ocorridos em torno de uma Rebelião interna do P.R.D. nos idos de 1915).

Garanhuense, nascido na Região “Mochila”, hoje município de Brejão, era filho do Coronel Antônio da Silva Souto, também político atuante no município de Garanhuns. Herdeiro das qualidades políticas do seu genitor na inteligência e na argúcia, com maior vivência dos problemas políticos e sociais do seu tempo, o Dr. Soutinho, como lhe chamavam os mais íntimos, foi indiscutivelmente por muito tempo, o “cacique mór” da política de Garanhuns e um dos seus mais legítimos representantes.

A Revolução de 1930 o encontrou em Garanhuns, e, quando teve conhecimento de que as forças políticas da Capital, se desorganizavam culminando com a fuga do próprio governador Estácio Coimbra, que abandonou o Palácio do Campo das Princesas, em rebocador para se refugiar na cidade de Barreiros, Souto Filho se apressou em entregar a Prefeitura Municipal de Garanhuns da qual, o seu cunhado Coronel Euclydes Dourado era Prefeito, à Junta Militar Revolucionária, composta de José Gaspar da Silva, Fausto Lemos e Mário Lyra. Souto Filho, entregava materialmente, a Prefeitura de Garanhuns, porém jamais abdicou a sua chefia política, tanto assim que conforme salientamos fora eleito por votação secreta, no primeiro pleito eleitoral que se seguiu à vitória da Revolução.

Souto Filho, apesar de ligado aos compromissos dos que dominavam o poder político anterior a Revolução de 1930, via-se eleito para a Constituinte de 1933, dentro dos novos processos da República Nova, numa afirmação incontestável à sua argúcia política, não deixando herdeiros diretos para a continuação da política que praticou e realizou durante longos anos em Garanhuns, em torno do seu nome e do seu prestígio. Entre outros gravitavam os integrantes da família Branco, cujo maior expoente foi o Deputado Elpídio de Noronha Branco, ligado também ao grupo de Eurico de Souza Leão, ex-chefe de polícia do governo Estácio Coimbra e também figura de proa nos governos anteriores; Antônio Café e seus amigos; a família Leal. Em verdade todos viviam politicamente em torno de sua pessoa.

A partir de 1933, já no Recife, preparando-me para ingressar na Faculdade de Direito do Recife e, mais tarde repórter do “ O Estado” jornal de oposição ao governo Lima Cavalcanti, de propriedade do usineiro Fileno de Miranda, frequentava assiduamente a casa de Souto Filho, à Rua Joaquim Nabuco, Capunga, onde hoje se ergue o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Em sua companhia, travei conhecimento com outros políticos do antigo P.R.P. entre eles doutor Arnaldo Olinto Bastos, Renato da Silveira, Genaro de Barros Guimarães, professor Edgard Altino de Araújo e outros próceres alijados pela Revolução, que procuravam articular um novo candidato para o futuro governo do Estado, cujo nome mais cotado era o de João Alberto Lins de Barros, ex-tenente de 1922 e 1924 e ex- interventor de São Paulo, no início do governo Vargas.

Iniciando-me no contato com “velhas raposas políticas”, quando sozinho, o deputado Souto Filho analisava os acertos e desacertos, dos seu correligionários políticos, com aquela argúcia que lhe era peculiar. Em certa ocasião, com a natural timidez do aprendiz de “frasquinho de veneno”, com que o mimosearam nas crônicas políticas, os seus adversários.

Respondeu-me que era também nos pequenos frascos (frasquinhos) que se guardavam os melhores perfumes. O deputado Souto Filho, era realmente de pequena estatura, franzino e falava com certa mansidão. Sabia ser sóbrio , quando era necessário sê-lo, porém veemente na defesa dos amigos e das teses que apoiava. A sua casa vivia sempre cheia de correligionários e de amigos e nas conversas ali realizadas, sempre se aprendia alguma coisa. Certa vez, quando estranhava não ter havido revide de sua parte a certa afirmação de um dos seu opositores, respondeu-me com a seguinte frase; “seu” Alfredo, aprenda que o político para ser realmente político, é obrigado as vezes, a engolir sapos, sem vinho do Porto. Essa expressão, ouvi muitos anos mais tarde, repetidas vezes, no “Solar do Benfica”,  residência do meu querido e saudoso amigo, Senador Novais Filho, ao lembrar-lhe a necessidade de um revide mais forte a uma crítica contundente de seus adversários políticos.

A nossa amizade pessoal com o deputado Souto Filho e seus familiares, jamais sofreu solução de continuidade. Vinha de pai para filho, respaldada numa mútua confiança, até o final dos seus dias.

Vitimado por uma síncope cardíaca, (naqueles tempos não se usava a expressão parada cardíaca) Souto Filho, faleceu no Recife, em 19 de junho de 1937, em sua residência, na Avenida Osvaldo Cruz, 281, na condição de líder da oposição, na Câmara Estadual.

Casado com a senhora Francisca Salgado Guedes Nogueira Souto, na intimidade chamada carinhosamente de D. Chiquita Souto, deixou os seguintes filhos: senhora Maria Esther Souto, professor Antônio Souto Neto, médico, analista, professor catedrático do Ginásio Pernambucano e há vários anos seu Diretor, senhora Maria Gerusa Souto Malheiros, casada com o engenheiro Raul Malheiros e professor Cláudio Fernando da Silva Souto, professor catedrático da Faculdade de Direito do Recife.

A senhora Souto Filho, faleceu também no Recife, em 11 de outubro de 1967. Em verdade, em toda a sua vida, o  deputado Souto Filho, fez “escola política”. Pena é que não tenha deixado herdeiros diretos da sua argúcia política e que os seus correligionários e amigos, não tivessem aprendido bem as suas lições, para melhor servirem aos interesses comunitários de sua terra e de sua gente”.
Fonte: Livro "Memórias de Amor" de Gerusa Souto Malheiros, filha de Souto Filho.