terça-feira, 19 de maio de 2015

HÁ CEM ANOS NASCIA AMILCAR DA MOTA VALENÇA

Texto: Prof. José Henrique de Barros “Zeca Barros”.


QUEM FOI AMILCAR DA MOTA VALENÇA?

A nossa homenagem a uma das personalidades mais importante da história política de Garanhuns e de Pernambuco.

O Sr. Amilcar da Mota Valença, Ex-prefeito de Garanhuns.

Vale a pena reviver o passado, principalmente quando fatos relevantes são motivos de júbilo não só para um grande número de parentes e amigos como para gáudio de toda a população de uma cidade!

Em meado do mês de maio de 1915, o casal Abílio Camilo Valença e Emília da Mota Valença se regozijava com o nascimento de mais um membro da família, um garanhuense da gema, que viria a se tornar um dos mais importantes homens públicos de Garanhuns!

Na antiga casa nº 34 da Praça João Pessoa, onde atualmente está localizado um moderníssimo e ousado empreendimento comercial de propriedade do empresário Mauro de Souza Lima, na parede do hall de entrada do Empresarial Mauro Lima está colocada uma Placa informativa, por gentileza de seu proprietário, onde se lê que, no dia 19 de maio de 1915, nascia o renomado cidadão Amílcar da Mota Valença!

Amílcar, desde cedo, participou da luta heroica de seus pais que, para educar satisfatoriamente seus filhos, se impunham enormes sacrifícios para assegurarem um futuro digno para os mesmos, matriculando-os nos melhores educandários locais.

De caráter altivo e indômito desde a infância, Amílcar começou seus estudos no Ginásio de Garanhuns, transferindo-se depois para o Colégio Salesiano do Recife, onde, em regime de internato, continuou o curso secundário, quando aprendeu música e tipografia. Sendo muito apegado aos seus familiares e tendo de se apresentar ao Exército para prestar serviço militar, regressou a Garanhuns para servir ao Tiro de Guerra e, também para dar continuidade aos seus estudos no Ginásio de Garanhuns.


Amílcar aprendeu com o seu pai, então agricultor e pecuarista no distrito de São Pedro, a lidar com os árduos serviços da fazenda, auxiliando-o na labuta cotidiana que era imprescindível para manter condignamente a família.

Sem ter deixado de lado a profissão de agricultor e pecuarista, Amílcar foi, concomitantemente, transportador, comerciante e industrial, ao se estabelecer, no distrito de São Pedro com o ramo de padaria, mercearia e tecidos. Posteriormente, implantou uma bem montada fábrica de queijos e manteiga. Proprietário de um caminhão, ele mesmo dirigia o seu veículo, transportando as mercadorias adquiridas para o seu estabelecimento comercial, os produtos de suas atividades industriais, inclusive de uma pedreira que ele explorava, ou mesmo como motorista profissional, no transporte de mercadorias de terceiros.

Dispondo de um bravo espírito de liderança desenvolvido no contato frequente com a gente simples, ordeira e fiel de sua comunidade foi instado, por seus amigos e correligionários, a se candidatar e disputar os votos que o elegeriam vereador de Garanhuns, resultando ter sido eleito em 1947 e reeleito nos anos de 1951 e 1955, em três pleitos consecutivos, pelo sufrágio de boa parte dos eleitores da cidade e de uma maioria esmagadora de votos conseguida em seu amado distrito de São Pedro.

Não concorreu ao pleito seguinte realizado em 1959, por entender que a vez pertencia, por merecimento, ao seu amigo Hermínio Sampaio, para quem reivindicou apoio pleno do seu eleitorado.

Em 1963, após um memorável e renhido pleito eleitoral, Amílcar logrou uma importante e consagradora vitória, a de ser eleito prefeito de sua terra natal, o Município de Garanhuns. Considerando a sua vocação política somada a um expressivo tino administrativo adquirido no desempenho de inúmeras atividades desenvolvidas nos campos da agricultura, da pecuária, do comércio, da indústria e do transporte de cargas, as quais conferiram a Amílcar plenas condições para atuar na gestão da administração pública municipal com a maior desenvoltura.

Buscando ampliar os seus conhecimentos, antes de assumir o governo municipal, Amílcar realizou proveitosa viagem de observação em cidades como Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Goiânia, Anápolis e Uberaba.

Quando no exercício do governo, foi contemplado com uma Bolsa de Estudos Administrativos para realizar estágio em várias cidades dos Estados Unidos, tendo recebido diversos Certificados de Aproveitamento expedidos pela Agência Internacional para o Desenvolvimento, além de ser merecedor dos Títulos de Cidadão Honorário das cidades de Miami, Estado da Flórida; de Sioux, Estado de Sioux; e de Galveston, Estado do Texas.

Em 1969, apoiou e elegeu o seu sucessor, o Dr. Luis Souto Dourado.

Em 1973, foi novamente eleito Prefeito de Garanhuns. Mesmo levando-se em consideração o nível de experiência adquirido, Amílcar não titubeou e aceitou convite do Governo da República Federal da Alemanha para realizar estágios em diversas cidades daquele país sobre Tarefas do Desenvolvimento da Administração. Devido ao bom desempenho apresentado durante os estágios recebeu os respectivos Certificados de Aproveitamento.

Como prefeito de Garanhuns, Amílcar realizou administrações impecáveis, que vêm, continuadamente, servindo de paradigma para os administradores municipais que o sucederam. Realizou obras estruturadoras de grande vulto que bem demonstraram sua capacidade de um competente administrador entremeada com a de um grande estadista.

No âmbito da Educação, criou o Colégio Municipal Padre Agobar da Mota Valença que chegou, em determinada época, a atingir a invejável marca de 3.000 alunos matriculados, e a FAGA – Faculdade de Administração de Garanhuns, primeiro passo que foi dado para atender às necessidades de implantação do ensino de terceiro grau em Garanhuns.

No âmbito do Abastecimento, criou o Mercado Municipal 18 de Agosto, o Mercado da Carne, o Mercado de Farinha e a CEAGA – Central de Abastecimento de Garanhuns, medidas iniciais básicas para a implantação de um sistema adequado de abastecimento não só para a cidade de Garanhuns como para o Agreste Meridional.

Graças ao seu prestígio junto aos Governos Federal e Estadual, conseguiu para o Município de Garanhuns a implantação de várias obras de grande repercussão até os dias presentes, a exemplo de: A implantação do Batalhão Duarte Coelho, do 71º Batalhão de Infantaria Motorizado; a implantação de um Terminal Rodoviário de grande porte, em terreno que pertencia ao Sport Clube de Garanhuns, adjacente ao Parque Euclides Dourado; implantação da Vila José Bernardino Teixeira (Vila do Quartel); implantação da Vila Popular da COHAB I; implantação do Núcleo de Supervisão Pedagógica de Garanhuns (atual GERE); e a implantação da sede da CIRETRAN.

Amílcar recebeu inúmeras homenagens do Exército Brasileiro, sendo condecorado, entre outras, com a Medalha do Pacificador, outorgada por ordem do Ministro do Exército e a Medalha do Exército, concedida pelo Presidente da República Federativa do Brasil.

No seu segundo governo municipal, estando à venda e com possibilidade de ser negociado para fora do Estado, Amílcar adquiriu à Diocese de Garanhuns o Parque Gráfico e a marca do Jornal “O Monitor”. O seu antigo cargo de aprendiz de tipógrafo falou mais alto e ele não permitiu que a cidade perdesse tão importante periódico.

Como Sócio Honorário da Academia de Letras de Garanhuns, ele doou, a esta instituição cultural, as suas coleções completas de “O Monitor” e do “Jornal de Garanhuns”, este dirigido e editado por Mauro de Souza Lima.

Considere-se, ainda, o fato de que Amílcar, comprovando sua eficiência administrativa, por duas vezes foi designado pelo Ministro da Previdência Social para ocupar o cargo de Agente do INPS, em Garanhuns.

Ao testemunharmos Amílcar completar as suas noventa e sete primaveras, cabe-nos por obrigação moral e cívica, além de dar os mais efusivos parabéns a este cidadão, que ainda mantém uma lucidez invejável, demonstrar o nosso reconhecimento por tudo que ele fez em favor de nosso Município e, principalmente, por seu legado de administrador probo e competente, que serve e servirá, inquestionavelmente, de um exemplar paradigma para a atual e para as futuras gerações.