Antônio Souto Filho tinha motivos de sobra para
estar de espírito aberto naquele 1915. Espírito e coração. Completara, com
êxito, o seu primeiro mandato parlamentar, seguindo os ditames da sua
consciência, de ser um fiel escudeiro de Dantas Barreto, e iria casar, aos 29
anos, com o grande amor da sua vida: Francisca Salgado Guedes Nogueira, sua
prima em terceiro grau. Filha de Manoel Otaviano Guedes Noronha - dono do
engenho Tibiry, em Barreiros - e de Francisca de Amorim Salgado Guedes Noronha.
Dona Chiquita, como ficou conhecida, tinha mais três irmãos: Otaviano Júnior,
Paulo e Maria Esther, mais tarde, casada com Sebastião do Rego Barros, então
juiz de Direito da comarca e, em seguida, deputado.
Além da paixão que os uniu, Souto e Chiquita tinham
algo que os completavam: ambos trabalharam intensamente na campanha dantista.
Com seu pai, em Barreiros, ela participava dos atos públicos. No Recife, fazia
parte do comitê feminino da campanha do general, conforme registro na primeira
página do jornal A Província, de 24 de outubro de 1911. O
casamento, em outubro de 1915, foi realizado na residência de Maroquinha
Salgado Gomes de Mattos, prima-irmã da noiva, na Rua das Pernambucanas, 92,
Graças. Segundo narrativa de Gerusa Souto Malheiros, em seu livro Memórias
de Amor, a cerimônia foi simples, a pedido de
dona Chiquita: ela havia perdido o pai, há dois anos, e ainda se sentia abalada
emocionalmente.
Dantas Barreto - padrinho de casamento - e o
ministro da Agricultura, José Bezerra Cavalcanti, eram algumas das autoridades
presentes. Depois da recepção, os recém-casados seguiram no coche oficial para
a nova residência, na Rua Joaquim Nabuco, 189. Lá, nasceram os quatro filhos do
casal: Maria Esther Souto Carvalho, primogênita e afilhada de Dantas Barreto
(1917), benemérita da Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer, e viúva do
empresário e ex-deputado federal Adelmar da Costa Carvalho; Antonio Souto Neto,
já falecido, médico, professor e diretor, durante várias gestões, do Ginásio
Pernambucano; Maria Gerusa Souto Malheiros, viúva do engenheiro Raul Malheiros,
que chegou ao Recife em 1941, acompanhando a equipe do brigadeiro Eduardo
Gomes, e Cláudio Fernando da Silva Souto, professor titular da Faculdade de
Direito do Recife.
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