sábado, 16 de agosto de 2014

UMA CANÇÃO CHAMADA ASA BRANCA

Raul Seixas, um amante de músicas em inglês tendo gravadas várias no idioma estrangeiro. Aqui ele faz uma versão extremamente pessoal deste clássico do Rei do baião!


A asa-branca é uma espécie de pomba silvestre, comum em todo o Brasil. Ave migratória, voa para o Sudeste para se acasalar e reproduzir. É também conhecida como pombão, pomba legítima ou pomba-trocaz. No Nordeste, não é raro assistir a passagem dos bandos de asa-branca sobre a caatinga ressecada.

Essa imagem é marcante para muitos nordestinos, de várias gerações. Nenhum, porém, soube traduzir o vôo da asa-branca tão bem quanto o cearense Humberto Teixeira e o pernambucano Luiz Gonzaga.

Música de Luiz Gonzaga “Asa Branca” foi regravada por Raul Seixas, um amante de músicas em inglês tendo gravadas várias no idioma estrangeiro. Aqui ele faz uma versão extremamente pessoal desde clássico do baião!

Diz a lenda que a canção foi composta em apenas um dia, um certo 3 de março de 1947. Gonzagão caprichou na introdução instrumental, que se tornou famosa, e fez multidões entoarem com ele os versos famosos:

Caetano transformou a melodia de Luiz Gonzaga numa espécie de canção do exílio, um lamento coerente com a situação que vivia na época, em Londres. Esta versão pode ser vista no filme Tropicália, de Marcelo Machado, em cartaz nos cinemas. Aliás, recomendadíssimo pra quem quer entender melhor aquele cataclismo que abalou a música brasileira nos anos 60!

A lista de intérpretes de Asa Branca é enorme: de Elis Regina a Ney Matogrosso (com Chitãozinho e Xororó), de Hermeto Pascoal a Lulu Santos, de Baden Powell a Badi Assad. Sem contar os intérpretes nordestinos de fato (Hermeto é de outro planeta, certo?), que estão sempre homenageando o mestre: Elba Ramalho, Fagner, Tom Zé, Gilberto Gil, Xangai, Zé Ramalho, Quinteto Violado, Dominguinhos e uma infinidade de trios de forró, na base da sanfona, zabumba e triângulo. Quem nunca cantarolou “quando oiei a terra ardendo” que atire na primeira asa-branca que passar....

Raul Seixas gravou em inglês (White Wings) assim como o grego Demis Roussous, sucesso romântico dos anos 70. Uma lenda no mundo fonográfico é a de que os Beatles teriam gravado a canção. Nos psicodélicos anos 60, é provável que neguinho tenha achado que Blackbird era Assum Preto, e acabaram trocando até a cor do pobre pássaro.

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