Por: Voltaire Schilling
D. Pedro compondo o Hino da Independência (tela de Augusto Bracet) |
Dois episódios históricos
muito próximos, o Dia do Fico e o Grito do Ipiranga, distantes apenas dez meses
um do outro, ocorridos no ano de 1822, um em janeiro o outro em setembro,
marcaram simbolicamente a emancipação brasileira do domínio lusitano,
encerrando 322 anos de colonização portuguesa na América.
A presença da família
real dos Bragança no Brasil, desde 1808, e a permanência do herdeiro do trono
depois da volta de dom João VI para Lisboa, em 1821, terminaram por amortecer
um movimento separatista violento e desagregador como ocorreu no restante do
continente. Isto permitiu que apenas com dois gritos, o do Fico, mais baixo, e
o do Ipiranga, mais sonoro, o Brasil atingisse a tão desejada autonomia sem os
tormentos de uma guerra de independência prolongada e sangrenta e sem ver-se
dividido em dezenas de republiquetas.
No primeiro grito, o
príncipe Pedro disse que não ia, no segundo foi o Brasil que se insurgia. Ao
voltar de Santos para São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, depois de seu
périplo de mais de 600 quilômetros pelo interior fluminense e paulista, por
onde cavalgara por 24 dias, refeito das emoções do riacho Ipiranga, que se
deram às quatro horas da tarde, desarreiando-se, inquieto, compõe o Hino da
Independência. Ao adentrar a noite no camarote do teatro, não muito distante do
Colégio dos Jesuítas, primeiro prédio da capital paulista, da platéia
alvoroçada partiram os gritos "Independência ou Morte!" O varão dos
Bragança, bom músico, dominando o fagote, o piano, a viola e o rabecão, com voz
de tenor, vencera a parada no grito.
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