sábado, 6 de setembro de 2014

1822, A INDEPENDÊNCIA FEITA NO GRITO

Por: Voltaire Schilling
  D. Pedro compondo o Hino da Independência (tela de Augusto Bracet)
Dois episódios históricos muito próximos, o Dia do Fico e o Grito do Ipiranga, distantes apenas dez meses um do outro, ocorridos no ano de 1822, um em janeiro o outro em setembro, marcaram simbolicamente a emancipação brasileira do domínio lusitano, encerrando 322 anos de colonização portuguesa na América.

A presença da família real dos Bragança no Brasil, desde 1808, e a permanência do herdeiro do trono depois da volta de dom João VI para Lisboa, em 1821, terminaram por amortecer um movimento separatista violento e desagregador como ocorreu no restante do continente. Isto permitiu que apenas com dois gritos, o do Fico, mais baixo, e o do Ipiranga, mais sonoro, o Brasil atingisse a tão desejada autonomia sem os tormentos de uma guerra de independência prolongada e sangrenta e sem ver-se dividido em dezenas de republiquetas.

O HINO E O GRITO
D. Pedro ovacionado no teatro em São Paulo
No primeiro grito, o príncipe Pedro disse que não ia, no segundo foi o Brasil que se insurgia. Ao voltar de Santos para São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, depois de seu périplo de mais de 600 quilômetros pelo interior fluminense e paulista, por onde cavalgara por 24 dias, refeito das emoções do riacho Ipiranga, que se deram às quatro horas da tarde, desarreiando-se, inquieto, compõe o Hino da Independência. Ao adentrar a noite no camarote do teatro, não muito distante do Colégio dos Jesuítas, primeiro prédio da capital paulista, da platéia alvoroçada partiram os gritos "Independência ou Morte!" O varão dos Bragança, bom músico, dominando o fagote, o piano, a viola e o rabecão, com voz de tenor, vencera a parada no grito.

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