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LEDO IVO DEIXA PARENTES EM GARANHUNS
Um dos maiores nomes da literatura brasileira morreu na madrugada deste domingo, na Espanha. Lêdo Ivo, 88 anos, natural de Maceió, publicou mais de 30 livros, a maioria de poesia. Escreveu também crônicas, contos e romances. Exerceu também a atividade jornalística. Era um dos integrantes da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número 10.
O que pouca gente sabe, talvez, é que Lêdo Ivo tinha ligações familiares com Garanhuns. Um dos seus irmãos, o Sargento Ivo, viveu a maior parte de sua vida na Suíça Pernambucana. O militar era o pai de Roberto Ivo, assessor do prefeito Izaías Régis e proprietário de uma ótica na Rua Floriano Peixoto, no centro da cidade. Roberto, portanto, é sobrinho legítimo do grande escritor alagoano.
Nilo Almeida, genro do ex-prefeito Ivo Amaral, que foi secretário municipal na gestão de Silvino Duarte, também é sobrinho do poeta. Existem outros parentes do escritor na cidade, como Hélio, que trabalhou durante muito tempo na antiga Emater e Jarbas, conhecido pelos amigos como Jarbinhas.
O corpo do poeta será cremado na Europa e as cinzas serão trazidas para o Brasil, devendo ser sepultadas no mausoléu da Academia Brasileira de Letras.
Apesar de ser alagoano de Maceió e de amar sua terra, Ledo na juventude escreveu um poema que foi uma declaração de amor ao Recife. Para não deixar magoado o povo de sua cidade natal, nunca publicou os versos em livro, conforme revelou ao jornalista Geneton Moraes Neto. Segundo outro profissional da imprensa pernambucana, Homero Fonseca, a novela Ninho de Cobras rendeu ao escritor algumas inimizades na capital alagoana, porque neste livro ele retratou a cidade com seus dramas e mesquinharias.
Abaixo, o poema dedicado à capital pernambucana:
Recife, poesia
Amar mulheres, várias.
Amar cidades, só uma - Recife.
E assim mesmo com as suas pontes,
e os seus rios que cantam,
e seus jardins leves como sonâmbulos
e suas esquinas que desdobram os sonhos de Nassau.
Amar senhoras, muitas. Cidade,
só uma, e assim mesmo com o vento amplo do Atlântico
e o sol do Nordeste entre as mãos.
Felizes os jovens poetas que recebem em seus corações
antes do amor e depois da infância
a palavra, a cidade Recife.
Felizes os poetas que podem lembrar-se eternamente
das pontes que separavam: ia-se a noite
no Capibaribe, e as águas do Beberibe
te davam, ó Madalena
o meu primeiro verso.
Corola diante do mar,
bares da arte poética,
bondes, navios, aviões.
Cidade, meus pés transportam as tuas pontes
para margens versáteis.
Igrejas nos postais, namorados nos portais.
Recife de meu pai,
Recife que me deu a poesia sem que eu pedisse nada,
cidade onde se descobre Rimbaud,
a maresia de antigamente em meus olhos abertos.
Mulheres, inúmeras. Cidade, só uma
e assim mesmo diante do mar.
Postado por Roberto Almeida às 08:36 Nenhum comentário:
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